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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Raimundo Sacristão

Durante muitos anos, Mossoró acolheu Raimundo Sacristão, um velho e competente ajudante de missas que eram realizadas na Matriz de Santa Luzia em Mossoró, todas, celebradas pelo Monsenhor Huberto Bruening, que durante 48 anos foi sacerdote em Mossoró, nascido em 30 de Março de 1914, em São Ludgero, Santa Catarina, com descendência alemã, e faleceu em 29 de Agosto de 1995. 


Raimundo Sacristão, primeiro à esquerda, Sila, Titico Maia, Padre Huberto, Bibiu Gurgel e Daniela Maia.
Nesta foto Raimundo Sacristão aparece ao lado esquerdo do casal Sila e Titico Maia, ajudando ao batismo realizado pelo Monsenhor Huberto Bruening, e possivelmente os padrinhos de batismo são Bibiu Gurgel e sua esposa Daniela Maia, que eram proprietários da casa bancária S. Gurgel em Mossoró.

Raimundo Sacristão nome recebido pela população de Mossoró, e também pela sua vocação religiosa (católica), morava no centro da cidade à Rua 13 de Maio. Era solteiro, de estatura média, moreno, calvo e vivia sobre os cuidados da mãe. Costumeiramente, no mês de Maio de cada ano, realizava em frente a sua casa 9 noites de novenas, todas assistidas pela população de Mossoró.

Raimundo Sacristão foi um dos mais competentes e conhecidos no que se refere à sacristia. Cumpriu sua vocação religiosa, zelando sempre pela Matriz de Santa Luzia em nossa querida Mossoró.
Não tenho maiores informações sobre o Raimundo Sacristão, data de nascimento e da sua morte, apenas quero registrar a sua passagem pela terra, e principalmente por Mossoró, cidade que o amparou por toda sua vida, pelas suas prestações de serviços ao mundo religioso.

Por Heuber Filgueira - "Pesquisador" da história mossoroense. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Manoel Torquato


Manoel Torquato de Araújo, foi um grande sindicalista, um grande visionário, um líder afrente do seu tempo, na década de trinta.
Nasceu no Entroncamento – Carnaubais e viveu a infância e adolescência entre o Saco, Xambá, Cobé, Curralinho, Rosário, Alemão, Bela Vista e adjacências onde ainda hoje tem familiares.
Seu avô, era um dos trabalhadores da terra de Camilo de Lelis Bezerra, e Torquato viveu sua infância na cozinha do Coronel Camilo.

Na juventude na busca por trabalho vai para as salinas e encontra idealistas que lutavam pela organização sindical dos operários das salinas e dos trabalhadores rurais. Se embeleza pela causa sindical e se despõe a ajudar a fundar sindicatos e organizar os trabalhadores, daí surge o nome de fundador do sindicato do garrancho, pois se reuniam nos garranchos da caatinga para traçar e planejar ações.

Antes de ir para as salinas ele foi também comerciante ambulante, daí conhecer todas as estradas dentro do mato para Macau, Pendencias, Mossoró, Areia Branca e região do Vale do Assú.
Manoel Torquato começa a sonhar com a reforma agrária, pois achava que o trabalhador deveria trabalhar no inverno em suas terras e na seca parte trabalharia no corte do carnaubal e outra parte nas salinas.

Por aderir as ideias dos comunistas que na época atuavam em Mossoró, nas organizações sindicais e fundação do PCB, foi considerado comunista, mas nunca se filiou ao partido.
Por participar das greves nas salinas e incentivar os trabalhadores do campo a se rebelarem contra o modo de exploração dos patrões, foi perseguido pelos latifundiários do Vale do Assú e passou a viver na clandestinidade, formando um grupo de trabalhadores liderados por Torquato.
Nas reuniões com os trabalhadores tanto das salinas como do campo, já pregava o lema Pão, Terra e Liberdade.

Da luta na clandestinidade o maior embate feito no Vale do Assú, foi a morte de Artur Felipe, no confronto com os latifundiários no Açude do Canto Comprido, no dia 01 de janeiro de 1936, porem antes houve duas ações: o sequestro do latifundiário Jorge Barreto e a invasão da casa do senhor Candido Soares Raposo no Jenipapeiro.
Como retaliação teve seu pai e posteriormente sua mãe foram assassinados com requintes e crueldade.

A morte de Torquato se deu a 16 de julho de 1936, numa estrada entre Alagoinha e Mossoró, tendo sido morto por um próprio membro do grupo chamado Feliciano Cardoso Pereira de Sousa, que o assassinou covardemente.
Após sua morte seu corpo foi exposto de pé na cadeia pública de Mossoró, onde se tirou a única foto conhecida de Manoel Torquato.
Foi casado com Iria Higino de Sousa, sendo ela natural da cidade de Angicos, com quem teve sete filhos.

A partir dos anos cinquenta, sua esposa passou a receber uma pensão vitalícia do Sindicato dos Trabalhadores da Extração de Sal de Mossoró.
Enquanto viveu Torquato teve residência no Entroncamento e em Mossoró.
Manoel Torquato de Araújo era alto, moreno usava bigode cabelos pretos, atrevido, inteligente e destemido foi assassinado aos 35 anos de idade, tendo sido considerado o líder da primeira guerrilha rural da América Latina.

Por Diego Araújo

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A crônica do dia: Nego Rubens, Carlus Augustus e Zé da Burra

Nego Rubens Dias

Cenário: "Beco das Frutas"- Centro de Mossoró. Manhã do segundo dia do ano de 2015. De forma errônea e corriqueira costuma-se afirmar, de forma generalizante, que o famoso "Beco das Frutas" reúne tudo que há de escória de/em Mossoró. Afirmativa que já está enraizada na concepção do povo mossoroense e dos que aportam nessa urbe. Em olhar furtivo e de afogadilho, dir-se-ia que assiste razão na assertiva. Todavia, em aprofundado estudo perfunctório, chegar-se-á à conclusão de que, nesta espécie de latifúndio de perdidas ilusões, sempre existiu uma espécie de bunker para os que querem um certo distanciamento dos conhecidos bêbados que cospem barbante e articulam prosa molenga. Em Natal temos uma artéria no centro da cidade que reúne uma clientela oriunda dos mais humildes arredores da cidade, conhecido e por demais famoso como sendo o "BECO DA LAMA". Estranha-se que nestes ambientes desprovidos do cumprimento das convenções sociais sempre há um espaço reservado, como já mencionado. Em Natal, no famoso BECO DA LAMA, observa-se que nos primeiros imóveis do beco, cerca de cinco imóveis, encontram-se instalados bares e restaurantes dentro dos padrões que norteiam os transeuntes quanto à restrita freguesia de pessoas oriundas da citadina classe média.

Em Mossoró, encontramos na rua Francisco Peregrino (BECO DAS FRUTAS) o mesmo perfil e a mesma feição clientelista do "Beco da Lama". Todos os anos, no período da festa de "Santa Luzia", é comum o grande afluxo de pessoas que aportam em nossa amada paróquia e terra de Santa Luzia. Nesse cenário, os inveterados bêbados cuspidores de barbante, oriundos de outras plagas oestanas, ao passarem defronte ao bar de Sêo Sebastião Lopes Bezerra, gente da boa gente de Upanema, do clã Marques Bezerra, entrelaçados ao povo bom da fazenda "Poré", deparam-se com a cara de poucos amigos de Sêo Sebastião - espécie de Sêo Lunga mossoroense. Alguns ainda atrevem-se a solicitarem uma dose de aguardente, cascaveando alguns vinténs nos bolsos, recebendo a imediata resposta de que "acabou-se o estoque da cachaça". Pois bem ! nesse reduto, deparei-me com inusitada cena protagonizada pelo famoso "Nego Rubens Dias", fidedigno amigo do Carlus Augustus Rosadus e um de seus amigos por nome Santos de Cipriano. Conversa vai e conversa vem, eis que o Nego Rubens alardeia que em uma das viagens feitas à Mossoró pela então governadora Rosalba Rosadus, no pomposo avião do governo do estado, fora convidado via telefone pelo governador de fato Carlus Augustus para acompanhá-lo rumo à capital do estado, tendo ele aceito prontamente o honroso convite. Após o Nego Rubens tecer longo discurso de largo prestígio com o C.A, eis que o Santos de Cipriano disparou:

- Agora você vai ter que se conformar que o seu grande amigo Carlus Augustus não é mais o governador de fato!. Vá logo tratando de comprar novos arreios para a burra do seu amigo "Zé da Burra" descontar nas "corridas' pra lhe levar, bêbado, do bar de Sêo Sebastião até a sua casa!. Diante tão acertada afirmativa, houve grandes gargalhadas dos curiosos presentes. Só restou ao Nego Rubens cerrar fileiras com os que riam desbragadamente de tão oportuna observação.

Por Marcos Pinto - 02.01.2015