O painel da geografia humana revela, com as cores acentuadas das reminiscências, o perfil de homens e fatos que delimitaram, outrora, as imagens cotidianas de nossas ruas. As nossas artérias surgiram com suas minudências históricas determinando a denominação toponímica. Antigas ruas que ainda são lembradas nas crônicas e nas tradições orais. Fartas nas referências.
“Sêo” Chico Beato foi um desses cultores do passado. Era detentor da capacidade da descrição rigorosamente honesta de fatos e pessoas, que poderiam figurar em qualquer antologia que procurasse o retrato da memória fotográfica. Nele, o passado era como um rio perene, correndo num estuário de saudades. Com que emoção narrava fatos e pretéritos: - ressuscitando sombras vagas, esmaecidas nas lembranças fixadas na memória de uma cidade esquecida. A sua narrativa saudosista nos fazia lembrar que “o coração morre logo, a vida morre depois”.
A Rua GEORGINO AVELINO em as seguintes características: Encontra-se encravada no bairro Bom Jardim; tem o seu início ao lado do Colégio Joaquim Felício de Moura, e do ginásio poliesportivo. Esta rua recebeu, de início, a denominação de 13 de Maio. O seu surgimento teve como fatos motivante a construção de sete casas com frente de tijolos e o resto de taipa, com beira e bica. Foram construídas em 1922, com recursos próprios do velho Zé Diabo(José Floriano de Oliveira). Estas casas começam onde hoje esta edificada a Igreja Batista, continuando-se as demais na rua que passa em frente à citada igreja. Àquela época esse trecho era tido como subúrbio da cidade. A construção destas casas despertou no Sr. Antônio Chaveiro a vontade de também possuir um rústico condomínio residencial térreo. E se assim idealizou, assim concretizou. Mandou edificar nove casas que situavam-se, na época, onde atualmente existe um treco de rua feito no lugar onde existiam galpões da indústria de óleo vegetal denominada “BRASIL OITICICA”, pertencente ao opulento grupo Alfredo Fernandes e Cia. Esse treco de demanda a Av. Rio Branco, em direção à Uniped, cruzamento da Georgino com Alberto Maranhão.
Dias casas de Antônio Chaveiro situavam-se em lugar ermo e desabitado, o que motivou a procura destes imóveis por mulheres de vida mundana. Mediante ínfimo pagamento de aluguel, instalam-se precariamente para mercadejarem seus corpos e suas almas. Daí ficou sendo a área de meretrício. Cansado da vida atribulada de seu cortiço, resolveu Antônio Chaveiro vender as novas casas ao velho Terto Diabo, que, incontinenti, compro-as, mandando edificar duas casas todas no tijolo, anexar às mesmas. De bate-pronto, o velho Terto batizou àquele aglomerado de casebres com o jocoso apelido de JABURU.
O mérito de fundador da rua Georgino Avelino deve-se atribuir ao pernambucano de Recife, Sr. MANOEL VILA, que adquiriu por compra o já famoso Jaburu. O certo é que Manoel passou a construir, aqui e acolá – um quarto que, de preferência, alugava- a ma prostitua. Estendeu-se, assim, a área prostibular, em direção ao centro da cidade. Os primeirs imóveis desta rua sediaram os bares de Manoel Capé de João Linhares, natural das “Pedrinha”. Com o passar dos aos, os imóveis da rua passaram à pertencerem à família de conduta ilibada.
Quem não se lembra de que, na rua em que viveu a infância, havia sempre um aceno de amizade, um sorriso, um adeus, uma imagem do tempo, um doce retrato da vida?
Por Marcos Pinto – historiador e advogado apodiense.